A maconha, derivada da planta indiana Cannabis sativa, tem sido utilizada por mais de 60 milhões de americanos, incluindo 13% daqueles entre as idades de 12 e 17 anos. A droga geralmente é fumada, mas pode ser ingerida também por via oral.
O principal componente psicoativo é o 19-tetraidrocanabinol (THC). Após ter sido fumada, seus efeitos ocorrem em segundos ou minutos, com pico máximo em meia hora, e desaparecem em aproximadamente três horas. Após a administração oral, o início de ação é mais lento, mas os efeitos têm a duração de aproximadamente 3-5 horas.
Intoxicação
Os sintomas incluem euforia ou disforia, ansiedade, suspeita, risos inapropriados, distorção da sensação de tempo, retraimento social, comprometimento do juízo e os seguintes sinais objetivos: congestão conjuntival, aumento do apetite, boca seca e taquicardia.
Causa também uma hipotermia dose-dependente e discreta sedação. Freqüentemente utilizada com álcool, cocaína ou outras drogas. O tratamento da intoxicação habitualmente não é necessário. Pode causar despersonalização ou (raramente) alucinações.
Mais freqüentemente, causa um leve distúrbio delirante, usualmente persecutório, que raramente requer medicação. Em doses muito altas, pode causar um leve delirium com sintomas de pânico ou uma prolongada psicose por cannabis (pode durar até seis semanas). O uso crônico pode levar a ansiedade ou estados depressivos e síndrome apática amotivacional.
A dependência e a síndrome de abstinência são controversas - há, certamente, muitos indivíduos que abusam e apresentam dependência psicológica, porém a abstinência forçada, mesmo em usuários de altas quantidades, não causa de forma consistente uma síndrome de abstinência característica.
É considerada uma droga de entrada, que leva ao abuso de drogas mais pesadas. O teste de THC na urina é positiva por muitos dias após a intoxicação.
Há diversas reações adversas que podem ocorrer como resultado do uso da maconha e levar o indivíduo a buscar atenção médica. Tais reações são semelhantes àquelas que surgem após o uso de alucinógenos.
Pânico Agudo: Uma reação de pânico tende a ocorrer em usuários sem experiência que acham a perda do controle de seus pensamentos bastante assustadora.
Esses indivíduos podem ser algo paranóides, e seus pensamentos podem parecer desagregados. Seu temor mais freqüente é de que eles nunca "voltarão ao normal".
O tratamento consiste em reassegurar ao paciente que ele não está ficando maluco, que os sintomas foram causados por uma dose excessiva de maconha e desaparecerão em algumas horas. O uso de medicação psicotrópica é desnecessário.
Delirium: Após uma dose elevada de maconha, os pacientes podem ficar confusos e desenvolver sentimentos de despersonalização e desrealização, alucinações visuais e auditivas e ideação paranóide.
Essa síndrome é mais comum após a ingestão oral de maconha, talvez porque possa envolver doses mais elevadas de THC. O tratamento novamente consiste em reasseguramento e observação cuidadosa para que o paciente não venha a agredir terceiros ou a ferir-se.
Experiências Recorrentes com Drogas ou Flash-Backs: Embora mais comuns com os usuários de alucinógenos, flash-backs reminiscentes de experiências anteriores com maconha podem ocorrer durante alguns meses após a última dose da droga.
Os pacientes devem ser tranqüilizados de que esses eventualmente cessarão se eles permanecerem em abstinência à droga.
Abstinência: Leve dependência física foi descrita em indivíduos que utilizaram a droga cronicamente em doses muito elevadas. Os sintomas de abstinência podem incluir irritabilidade, insônia, sudorese, náuseas e vômitos. Não há necessidade de tratamento.
Fontes:
Manual de Emergências Psiquiátricas - 3a. Ed. - 1994
Manual de Psiquiatria Clínica - 1ª Ed. - 1992.
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