A suplementação de micro-nutrientes como coadjuvante aos tratamentos da insuficiência cardíaca congestiva merece um ensaio próprio como o realizado no Hospital Kingston Upon Hull, UK.
A má-nutrição global, associada à deficiência de micronutrientes essenciais, pode Ter um papel importante na insuficiência cardíaca. Embora muitos pesquisadores concentraram-se no uso dos medicamentos clássicos para combater essa síndrome, atualmente existem evidências claras que suportam um estudo de larga escala sobre a suplementação de micronutrientes na dieta como forma de complementar a terapêutica, conforme afirmação de artigo publicado no Journal of the American College of Cardiology.
Existem muitas evidências que sugerem o fato de que deficiências dietéticas tem papel importante na ins. cardíaca, principalmente nos idosos, conforme afirmação do Prof. Klaus K.A.White, da Universidade de Hull.
Perda de pêso, osteoporose, perda de massa muscular e aumento da taxa de metabolismo basal são condições associadas com insuf. Cardíaca. Deficiências de selenio, calcio e vitamina B1 (tiamina) podem conduzir diretamente a síndrome de insuficiência cardíaca. Vitaminas C , E e beta-caroteno, como antioxidantes, podem exercer função protetora nesses casos. Vitaminas B6, B12 e folatos reduzem os níveis de homocisteína, um potente fator de risco para doenças cardio-circulatórias, e alguns estudos mostram que carnitina, coenzima Q10 e creatina melhoram a capacidade de pacientes aos esforços, afirmam os autores.
Estudos dietéticos anteriores, em insuficiência cardíaca, foram inconclusivos e não consideraram a ingestão de nutrientes ou envolveram pequenos números de pacientes. Esses dados despertaram Witte e colaboradores a revisarem as relações entre micronutrientes e insuficiência cardíaca, pesquisando o maior número possível de artigos existentes sobre o tema. Eles separaram os micronutrientes em minerais, vitaminas e outros suplementos nutricionais.
Dentre os achados para minerais, Witte et al encontraram estudos implicando o calcio, magnésio, zinco, manganes, cobre e selenio como importantes, nos casos de deficiências, na insuf. Cardíaca. A hipomagnesemia está ligada a piora de prognóstico na insuf. Cardíaca; baixa ingestão de calcio pode ser a causa de arritmias cardíacas e outros eventos adversos; restrição de cobre aumenta o risco de dano oxidativo às células miocárdicas; e baixos níveis de selenio estão associados com doenças isquêmicas do coração e de vasos periféricos.
Quanto às vitaminas, Witte e colegas constataram que deficiência de vit. B1 pode induzir falência cardíaca e que sua suplementação, associada com furosemide, pode melhorar significativamente a fração de ejeção do ventrículo esquerdo em pacientes com moderada ou severa insuficiência cardíaca. Deficiências de vit. B6, B12 e folatos estão ligadas a doenças coronarianas devido à ligação com homocisteína. Doses baixas de vit. C se relacionam com risco elevado de AVC e aumento de mortes por doenças cárdio-vasculares.
Os autores ainda descobriram muitos estudos que indicavam um benefício teórico da suplementação de vit. E, embora nenhum trabalho tenha concluído que tenha havido benefícios para pacientes com alto risco para doença coronariana. Níveis plasmáticos baixos de ubiquinona (coenzima Q10) foram associados com aumento da mortalidade em pacientes com insuf. Cardíaca e sua suplementação mostrou melhoras na fração de ejeção e tolerância aos esforços, conforme a New York Heart Association.
Na categoria de “outros suplementos nutricionais”, Witte e cols. descobriram alguns estudos que comprovam melhoras no metabolismo muscular e tolerância aos exercícios com suplementações de carnitina e outros estudos que demonstram a melhora em fração de ejeção com administração endovenosa de creatina em pacientes com insuf. Cardíaca.
Com base em 189 artigos de referência, Witte et al concluíram que os efeitos da suplementação de micronutrientes , o que é um procedimento simples, deverá ser testado e randomizado, com controle placebo, nos pacientes que sofrem dessa condição. Eles sugerem estudos envolvendo os nutrientes isoladamente e em conjunto para se chegar à otimização no tratamento.
(Referência- Witte K, Clark A, Clelaand J. Chronic Heart Failure and Micronutrients. J Am Coll Cardiology 2001;37(7):1765-1774)
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