Aditivos alimentares artificiais e hiperatividade |
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Aditivos alimentares artificiais podem aumentar a hiperatividade em crianças Autora: Laurie Barclay, MD De acordo com um estudo de provocação alimentar baseado na comunidade, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, publicado na Internet no dia 6 de setembro na Lancet, corante alimentar e aditivos artificiais comumente encontrados na alimentação infantil aumentam o nível médio de hiperatividade em crianças de 3 anos e de 8 a 9 anos. “Há muito tempo é sugerido que corantes alimentares artificiais e outros aditivos alimentares (CAAA) afetam o comportamento em crianças”, escrevem Donna McCann, PhD, da University of Southampton, no Reino Unido, e colaboradores. “Apesar do fracasso de estudos recentes em identificar a extensão dos efeitos adversos sugeridos, uma recente metanálise de estudos duplocegos, controlados por placebo mostrou um efeito significativo dos corantes alimentares artificiais e outros aditivos alimentares no comportamento de crianças com TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade). Ainda não está bem estabelecido o possível benefício da retirada destes compostos da dieta para a redução do nível de hiperatividade na população em geral”. Os pesquisadores randomizaram 153 pacientes com 3 anos de idade e 144 com idade entre 8 e 9 anos para receber uma bebida de provocação contendo benzoato de sódio e uma de duas misturas de corante artificial ou aditivo alimentar (A e B) ou uma mistura de placebo. A primeira medida de desfecho foi um agregado de hiperatividade global, derivado de pontuações-z reunidas a partir de comportamentos observados e de avaliações feitas por professores e pais, bem como um teste computadorizado de atenção para crianças de 8 a 9 anos. Por razões não relacionadas ao comportamento infantil, 16 crianças de três anos e 14 crianças de 8 a 9 anos saíram do estudo. Quando comparado com placebo, a mistura A, mas não a mistura B, teve efeito adverso significativo no agregado de hiperatividade global para todas as crianças de 3 anos de idade (tamanho do efeito, 0,20; IC de 95%, 0,01 – 0,39; p = 0,044). Quando a análise foi restrita somente às crianças de 3 anos que consumiram mais de 85% do suco e não tinham dados omissos, os achados foram semelhantes (tamanho do efeito, 0,32; IC de 95%, 0,05 – 0,60; p = 0,02). Para crianças de 8 a 9 anos de idade que consumiram pelo menos 85% das bebidas e não tinham dados omissos, houve efeitos adversos significativos comparados ao placebo tanto para mistura A (tamanho do efeito, 0,12; IC de 95%, 0,02 – 0,23; p = 0,023) quanto para mistura B (tamanho do efeito, 0,17; IC de 95%, 0,07 – 0,28; p = 0,001). “Corante artificial ou conservante de benzoato de sódio (ou ambos) na dieta resultam em hiperatividade aumentada em crianças de 3 anos e de 8/9 anos na população geral”, relatam os autores. “Nós registramos diferenças individuais importantes na resposta das crianças aos aditivos. Para os dois grupos etários, nenhum efeito significativo de fatores sociais e demográficos foi visto no nível inicial de agregado global de hiperatividade (global hyperactivity aggregate – GHA) nem na redução dos efeitos da provocação”. As limitações do estudo incluíram inabilidade de determinar compostos específicos na mistura que são nocivos e falta de controle sobre quando as provas são ingeridas em relação ao momento de medidas de hiperatividade. “Embora o uso de corantes artificiais na fabricação dos alimentos possa parecer supérfluo, o mesmo não pode ser dito para o benzoato de sódio, que tem uma importante função conservante”, concluem os autores. “As implicações desses resultados para a regulação do uso de aditivos alimentares pode ser importante”. The Food Standards Agency financiou este estudo. Os autores não divulgaram relações financeiras relevantes. Lancet. Publicado on line em 6 de setembro de 2007. |
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